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Cartas de Amor aos Mortos

Queridos Kurt, Judy, Elizabeth, Amelia, River, Janis, Jim, Amy, Heath, Allan, E. E. e John. Esses são os destinatários as cartas que Laurel escreve contando sua história. Descrevendo aos artistas mortos, que tem um lugar especial em seu coração, como perdeu sua irmã mais velha, May. A garota mais especial da face da Terra.

Laurel perdeu sua irmã faz pouco tempo. Logo depois, perdeu também sua mãe. Não de forma tão trágica, ela apenas decidiu ir embora. Apesar de manter contato com a filha, ambas sabem que não é a mesma coisa. O laço entre elas estava se partindo. Para “facilitar” mais a situação, a garota se divide morando uma semana com o pai e uma com sua tia, em uma tentativa de se manter ligada a sua família. A verdade é que todos estão devastados e nada que dirão mudaria o fato da querida May, a pessoa que uniu aquela família, não está mais entre eles.

O que começa com um simples exercício da escola, acaba sendo a forma de Laurel desabafar sobre sua vida e as transformações que vem acontecendo. Seus amigos, seu primeiro amor, suas desilusões e a tristeza de não ter mais May ao seu lado. Tentando ser mais parecida com sua irmã, Laurel vai perdendo sua identidade. Mesmos seus próprios amigos não sabem como ela é de verdade. Talvez nem ela mesmo saiba mais.

Achei interessante a forma que fui me aproximando na vida de Laurel. Talvez tenha sido na mesma proporção que ela foi revelando seu verdadeiro eu. A cada carta escrita, um ponto que chama a atenção é para quem ela escreve. Você deve encontrar pelo menos uma pessoa especial. E a forma como ela adentra esse universo dos mortos – e até mesmo os confronta – me fez olhar para o livro de forma especial. Porém, ainda sentia algo faltando no decorrer do livro. Esse ponto era a própria Laurel, e quando ela se revela nas cartas, todas as pontas, amores, amizades, desilusões e, principalmente, May, são desvendadas.

Cartas de Amor aos Mortos, de Ava Dellaira, mostra que é possível amar e perdoar os mortos em uma intensidade tão forte, que talvez não fosse possível amar dessa forma quando vivo. Adorei como a autora desenvolveu os personagens secundários. É possível ver o crescimento deles, assim como o de Laurel. No final, acabei não pensando apenas nas irmãs e em tudo que passaram. Os amigos dela são tão importantes no enredo quanto as duas. A forma como a internet não se mostra presente no cotidiano deles também é uma forma brilhante de se agarrar ao poder das cartas. Sem plateias, curtidas e comentários. Apenas quem importa de verdade. Presente ou não.


Boa leitura.

Um comentário

  1. Oi Érica!
    Que linda resenha. Sempre imaginei que esse livro seria assim, lindo de verdade. Mas vendo agora pelo ponto de vista que você colocou parece ser uma leitura ainda mais especial, sei lá, um livro marcante sabe? Gostei mesmo. :)

    Ahh, respondi lá seu comentário a respeito do desafio literário, e sim dá para participar. Até quem chegou atrasado, porque quem começa a participar só no final de janeiro tem até o final de fevereiro para dar conta de ler os dois livros (o de janeiro e o de fevereiro).

    Beijinhos e espero te ver participando do desafio também. ^.^
    http://www.umajanelasecreta.com

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